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VIDAS ENTRELAÇADAS: QUANDO A LINHA E A AGULHA SALVAM

Yan não conhece pessoalmente a Cintia, que não conhece pessoalmente o Sérgio, que não conhece pessoalmente a Terezinha, que não conhece pessoalmente o médico ou a enfermeira que, nesse exato momento, vestem um capote e uma máscara de proteção com o objetivo de salvarem vidas em algum hospital de Uberlândia.

Embora essas pessoas nunca tenham se encontrado, a vida delas está entrelaçada pelo trabalho voluntário que une 66 costureiras em torno da produção de máscaras, toucas e capotes para quem está na linha de frente do combate ao Covid-19. A ação faz parte do Movimento Juntos por Uberlândia, que já entregou mais de 4 mil máscaras e 1.500 capotes para a rede pública de saúde.


Aprendizado emergencial

Em sua maioria, os voluntários da frente de costura do Juntos por Uberlândia não se conhecem, nunca se encontraram, mas trabalham em equipe para permitir que médicos e enfermeiros possam atender à população com mais segurança. Criaram uma linha de produção que vai da matéria prima à entrega dos equipamentos.


Tudo é liderado por uma dupla que só se conhece virtualmente, formada pelos empreendedores Cintia Gonçalves Barbosa e Yan Pablo de Moura Ferreira. Do dia para a noite, eles se aproximaram e tiveram que aprender e ensinar a confeccionar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) voltados para profissionais de saúde. Buscaram conhecimento sobre tecido mais adequado, tipo de linha, máquina de costura, moldes para corte, embalagem, esterilização, segurança, entre outros.


Cumprir o propósito

Nesse processo, o tempo de aprendizado foi curto. Yan Pablo assumiu a responsabilidade sobre o processo produtivo, que incluiu a criação dos moldes, compra de insumos e distribuição para as equipes de costureiras. Com 22 anos e dono de uma confecção, abraçou a causa e precisou aprender muito para poder padronizar o trabalho de tanta gente diferente. “Fazer parte desse grupo é uma maneira de cumprir o meu propósito, de trabalhar para ajudar outras pessoas”, compartilha.


Cintia ficou responsável pela interlocução com as costureiras, que trabalham cada uma em sua casa, recebem os moldes cortados e fazem a costura, dentro dos padrões estabelecidos. “Muitas voluntárias costuram à noite, depois de um dia inteiro de trabalho. Quando tudo isso acabar, vou querer abraçar todo mundo”. Esse é o sonho da Cintia.


A produção das costureiras voluntárias segue para o Hospital das Clinicas da Universidade Federal de Uberlândia, para a SPDM, que administra o Hospital Municipal e para a Secretaria Municipal de Saúde. Parte do tecido foi fornecida pelas empresas e parte foi comprada no sul do país, com recursos arrecadados pelo Movimento Juntos por Uberlândia. O tecido foi trazido pelo grupo Martins, gratuitamente.


Cuidando da logística

Outro personagem dessa história é o Padre Sérgio Max, da Casa Santo Antônio, no bairro Martins. Ele já contava com duas costureiras voluntárias, que produziam enxovais para doar à comunidade. Depois da pandemia, outras sete costureiras se juntaram ao grupo, que agora se dedica integralmente às máscaras.


Frei Sérgio cuida de toda a logística de apoio a essas voluntárias. Ele é responsável por levar a matéria prima e recolher os produtos prontos. Depois, as equipes responsáveis buscam na igreja e fazem a destinação. “O mais bacana é ver que muitas costureiras encontraram no trabalho voluntário a oportunidade de ocuparem a cabeça durante a pandemia. A costura funciona como distração”. Quem ajuda é ajudado, segundo Frei Sérgio.

Quadrilha

Hoje, Yan ajuda Cíntia, que ajuda Sérgio, que ajuda Terezinha, que ajuda o médico, que ajuda cada pessoa que precisa de atendimento para enfrentar a Covid-19. E assim, ao contrário do poema de Drummond que serve de inspiração no começo desse texto, todos os que entraram nessa história tem a ver com ela e podem fazer a diferença. “O mais incrível dessa mobilização é que ninguém está ganhando dinheiro com isso. A gente faz pelo prazer de ajudar”, conclui Yan.


Saiba mais sobre o movimento Juntos por Uberlândia e dê a sua contribuição!


Adriana Sousa

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